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Faro

Faro é uma cidade portuguesa com 41 307 habitantes, capital do Distrito de Faro, da região, sub-região e ainda da antiga província do Algarve que ocupa uma área de 4960 km² e onde residem 426 386 habitantes (2007). É sede de um município com 201,59 km² de área e 58 698 habitantes (2008), subdividido em 6 freguesias.

O município é limitado a norte e oeste pelo município de São Brás de Alportel, a leste por Olhão, a oeste por Loulé e a sul tem costa no Oceano Atlântico. A cidade constitui, através do Aeroporto de Faro a segunda maior entrada externa do país, conferindo-lhe uma valência vincadamente cosmopolita. Natureza O grande destaque do concelho é a Ria Formosa que constitui um sapal que se estende pelos concelhos de Loulé, Faro, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo António, abrangendo uma área de cerca de 18 400 hectares ao longo de 60 quilómetros desde o rio Ancão até à praia da Manta Rota.

Trata-se de uma área protegida pelo estatuto de Parque Natural, atribuído pelo Decreto-lei 373/87 de 9 de Dezembro de 1987. A sul é protegida do Oceano Atlântico por um cordão dunar, formado por duas penínsulas (a de Faro, que engloba a praia do Ancão e a praia de Faro; e a de Cacela, que engloba a praia da Manta Rota) e cinco ilhas barreira arenosas (Ilha da Barreta, Ilha da Culatra, Ilha da Armona, Ilha de Tavira e Ilha de Cabanas), que servem de protecção a todo o Parque Natural.

É uma zona húmida de importância internacional como habitat de aves aquáticas, sendo alvo de muitos estudos realizados pelos alunos da Universidade do Algarve. Gastronomia A Doca de Faro A gastronomia algarvia remonta aos tempos históricos da presença romana e árabe, constituindo a par do clima da região um dos principais pontos de interesse turístico. Os ingredientes utilizados reflectem os sabores frescos do mar e os aromas agradáveis e fortes do campo.

Desde o famoso "Arroz de Lingueirão" até aos doces "Dom Rodrigos", encontram-se maravilhas para todos os gostos. Período árabe Densificação Urbana (século VIII - século XIII) Nome: Santa Maria de Ossónoba, depois Santa Maria do Ocidente e depois Santa Maria Ibn Harun (ou Šanta M?ria al-H?arun) Características: alargamento, densificação e consolidação do núcleo primitivo e regressão e densificação dos núcleos extramuros.

A invasão árabe da Península Ibérica inicia-se no ano 711 quando Tarik atravessa o Estreito de Gibraltar e vence as tropas de Rodrigo na Batalha de Guadalete, conquistando de seguida a capital dos Godos - Toledo. No ano seguinte, Mussa Ben Nossair comanda a segunda invasão, conquistando Sevilha e Ossónoba. Com ele vem um poderoso destacamento de árabes iemenitas, comandados por Al-Yamani, a quem é entregue o governo da Província de Ossónoba.

A cidade sofre grandes destruições, em virtude também dos efeitos de vários sismos que ocorreram naquela altura. A cidade que os Árabes vão reconstruir tem por base a Vila-a-Dentro, que manterá a sua estrutura fundamental, se bem que densificada, adquirindo um traçado mais sinuoso - dois eixos, uma circular interior e uma área central a que correspondia apenas parte do actual Largo da Sé, mais concretamente, a zona situada entre o edifício da Câmara Municipal de Faro e a Sé Catedral, já que a restante área era ocupada por construções.

No local do antigo Templum é construída a Mesquita principal, a uma cota de nível mais elevada (cerca de três metros acima). Contudo, há investigadores que são da opinião que Óssonoba e Faro não têm relação nenhuma, sendo duas povoações distintas. Extramuros opera-se uma regressão urbana dos seus arrabaldes, que se densificam, mantendo-se os dois núcleos já existentes anteriormente. A cidade contém, neste período, uma forte comunidade de cristãos e moçárabes, descendentes dos Romanos e Visigodos, havendo notícia da sua participação em concílios de Bispos.

É provável a manutenção de locais de culto dedicados a Santa Maria. No ano 870 eclodiram as revoltas moçárabes no Ocidente do Andaluz. O partido Muladi, composto por antigos cristãos islamizados, os Moçárabes (do árabe Nuss-Arabi - meio árabe), com o apoio da comunidade cristã, toma o poder, tornando-se independente do Emirato de Córdoba, por mais de 50 anos.

Ao revoltoso Yahia Ben Bakr sucede seu filho Bakr Ben Yahia, que executa importantes melhoramentos na cidade. Constroem-se as actuais muralhas, guarnecidas por portas em chapa de ferro, aumentando-se o perímetro da Vila-a-Dentro. Terá sido nesta altura colocada entre as ameias a imagem de Santa Maria, como nos canta Afonso X de Castela, o Rei Sábio. É de crer que neste período a cidade tenha adoptado o nome de Santa Maria do Ocidente ou simplesmente Santa Maria (Xanta Maria). A revolta Muladi seria esmagada pelo Califa Abd-Al-Rahman III.

Os anos seguintes são marcados pelo poder do Hajibe Almançor, primeiro Ministro do Califa Hixame II, que obtém importantes vitórias sobre os cristãos. A dinastia Omíada de Córdoba cai no ano de 1016, fraccionando-se o Al-Andaluz em vários principados independentes - os Reinos das Taifas. A Taifa de Santa Maria é governada por Abu Othman Said Ibn Harun. A cidade passa a designar-se por Santa Maria Ibn Harun. Em 1092 o governador da Taifa de Sevilha, Al-Mu'tamid, natural de Beja e ex-governador de Silves, pede ajuda aos Berbereses de Marrocos aquando da luta contra as tropas cristãs de Afonso VI de Castela.

Yusuf Ibn Tasfin comanda então a invasão Almorávida, derrota as hostes cristãs e conquista todos os Reinos das Taifas, unificando-os de novo e sujeitando-os a Marrocos. Quando D. Afonso Henriques vence os Almorávidas na batalha de Ourique, sucedem-se os segundos Reinos das Taifas, com o governo da família Banu Mozaíne, em Santa Maria Ibn Harun. É durante este período que Al-Idrissi, geógrafo árabe ao serviço do Rei de Palermo, em visita de espionagem ao Gharb, descreve a cidade: Santa Maria do Ocidente está edificada na orla do mar e o mar vem bater nos seus muros.

É de tamanho mediano e muito bonita. Tem uma Mesquita principal e Assembleia de Notáveis. Pelo seu porto entram e saem navios. Em 1156 os Almóadas unificam de novo a Península, fazendo a fronteira regressar ao Vale do Tejo. Seguem-se os terceiros Reinos das Taifas, prenúncio da reconquista cristã.

Poucos vestígios ficaram daquela época, apesar dos Mouros terem permanecido séculos em Faro. De registar no entanto neste campo, a introdução de centenas de vocábulos, especialmente referentes à toponímia e ao comércio, o que prova uma certa renovação em determinados sectores. Mas, sobretudo, o período árabe deixou-nos vasta obra literária, principalmente poesia. Citaremos alguns grandes poetas de Faro desse tempo: Abu Al-Hassan Ibn Harun (século XI), Ibn Al-Alam Al-Xantamari e Ibn Salih Al-Xantamari (século XII) e Ibn Al-Murahal (século XIII).